segunda-feira, 5 de abril de 2010

Lar de Kapelongo 2010.02.15

O Lar Mariana Danero, em Kapelongo, acolhe cerca de 35 meninas dos 10 aos 20 anos que não têm acesso a formação académica nas áreas de que são naturais.

A principal dificuldade destas meninas é a Língua Portuguesa, uma vez que nas suas comunidades falam apenas o dialecto dos seus pais… o primeiro contacto com a Língua Portuguesa é, na maior parte das vezes, quando chegam à Escola, o que muitas vezes acontece apenas pelos 10 anos de idade…

Deste modo as Irmãs da Comunidade de Kapelongo solicitaram o nosso apoio, para de uma forma lúdica e estimulante para estas crianças e jovens, trabalharmos vocabulário e alguns conteúdos de Língua Portuguesa.

Neste primeiro dia, que tinha como principal objectivo conhecermos as meninas e tentar aferir os seus conhecimentos e dificuldades mais específicas, de forma a melhor preparamos os próximos encontros, depois de um jogo de apresentação inicial, contamos-lhes uma história, a história do menino de todas as cores:

"Era uma vez um menino branco, chamado Miguel, que vivia numa terra de meninos brancos e dizia:

É bom ser branco
porque é branco o açúcar, tão doce
porque é branco o leite, tão saboroso
porque é branca a neve, tão linda.

Mas certo dia o menino partiu numa grande viagem e chegou a uma terra onde todos os meninos são amarelos.

Arranjou uma amiga, chamada Flor de Lótus que, como todos os meninos amarelos, dizia:

É bom ser amarelo
porque é amarelo o sol
e amarelo o girassol
mais a areia amarela da praia.

O menino branco meteu-se num barco para continuar a sua viagem e parou numa terra onde todos os meninos são pretos.

Fez-se amigo de um pequeno caçador, chamado Lumumba que, com os outros meninos pretos, dizia:

É bom ser preto
como a noite
preto como as azeitonas
preto como as estradas que nos levam a toda a parte.

O menino branco entrou depois num avião, que só parou numa terra onde todos os meninos são vermelhos. Escolheu, para brincar aos índios, um menino chamado Pena de Águia. E o menino vermelho dizia:

É bom ser vermelho
da cor das fogueiras
da cor das cerejas
e da cor do sangue bem encarnado.

O menino branco foi correndo mundo até uma terra onde todos os meninos são castanhos. Aí fazia corridas de camelo com um menino chamado Ali-Bábá, que dizia:

É bom ser castanho
como a terra do chão
os troncos das árvores
é tão bom ser castanho como o chocolate.

Quando o menino voltou à sua terra de meninos brancos, dizia:

É bom ser branco como o açúcar
amarelo como o sol
preto como as estradas
vermelho como as fogueiras
castanho da cor do chocolate.

Enquanto, na escola, os meninos brancos pintavam em folhas brancas desenhos de meninos brancos, ele fazia grandes rodas com meninos sorridentes de todas as cores."

A partir da interpretação da história e de alguns jogos de vocabulário, cada menina fez uma ilustração da história:









Finalizámos este primeiro encontro com o jogo da rede e dos peixinhos e com a canção "Grita Comigo!".

2 comentários:

  1. Olá Inês

    Muitos parabéns pelo magnifico trabalho que estás a desempenhar. O facto de tentares ajudar as pessoas a terem um futuro melhor e mais que isso a terem a esperança de o vir a alcançar faz da vossa iniciativa, um momento de partilha que deve ser realçado, num mundo cada vez mais egocêntrico em que as pessoas apenas se limitam a pensar nelas próprias. Parabéns mais uma vez a ti e à Dulce pelo magnifico trabalho que estão a fazer.

    Rui Teófilo

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  2. Hello again! What a lovely story! Como estão a correr as aulinhas? As meninas já vão dominando a LP? E o acham elas da teacher Dutti?

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