quarta-feira, 14 de abril de 2010

Senhor Zé Maria, um ancião em Freixiel… 2010.03.07



O Senhor Zé Maria, nascido no Lubango, veio para Freixiel em 1954, com 25 anos, como motorista dos colonos.
Havia nesta altura duas equipas de engenheiros (de construção civil e agrónomos) destacadas para a zona de Matala-Freixiel, onde havia apenas mato (Freixiel era ocupado por leões e não era sequer habitado por angolanos), com o intuito de aí dar início a novas povoações…
Este senhor fez parte da equipa de construção do canal de água, que vai da Matala ao Mukope. Ele diz que "o canal foi aberto a pá e picareta" e só o terminaram em 62. Depois do canal feito começaram a construir as casas.
Em cada povoação/vila havia obrigatoriamente um regente agrónomo, um prático agrícola, um enfermeiro, um veterinário, um padre e um professor, bem como uma escola, um centro de saúde e uma igreja. Nessa altura o Estado dava a cada camponês português, que viesse contribuir para povoar uma vila, 11 cabeças de gado, charruas, grades, carroça de chapa, sementes e alimentação, para que se sustentasse (e à sua família) durante um ano. No fim deste tempo, o camponês tinha de ter já trabalhado as suas terras e cuidado dos seus animais de forma a se conseguir sustentar autonomamente. Ao fim de quatro anos, os portugueses teriam de devolver ao Estado o que haviam recebido inicialmente: o número de crias e a produção agrícola equivalente à que lhes foi concedida. Cada português tinha ainda direito a duas vacas leiteiras, cujo leite era enviado para uma fábrica de lacticínios em Kapelongo, onde era produzido queijo e manteiga para vender. Parte do lucro destes produtos era concedida aos camponeses que possuíam vacas e que entregavam o seu leite.
O senhor Zé Maria disse-nos ainda que a maior parte dos portugueses que vieram na altura colonizar esta área eram açoreanos, transmontanos e madeirenses. E também que havia uma boa relação entre estes e os angolanos, sendo todos tratados de igual modo (os únicos favorecidos eram os chefes, independentemente da sua cor, raça ou proveniência).
Ficámos assim a saber, segundo a perspectiva do Sr. Zé Maria, que nesta zona de Angola a colonização portuguesa foi bastante pacífica e que portugueses e angolanos conviviam com naturalidade, contribuindo igualmente para o desenvolvimento e o crescimento económico desta colónia…

8 comentários:

  1. Muito bonito o trabalho e patriotismo do Sr.Zé Maria.São homens raros aos quais devemos todo o respeito.Regina Helena Canhoto.Parabéns pelo trabalho Inês e Dulce

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  2. Boa noite.Fiquei sensibilizado com as V.imagens de FREIXIEL-Angola,pois vivi aí sempre,até o regresso a Portugal em 1976.Os meus pais estiveram aí até 1994,eram os Srs.ANTONIO MARGARIDA SILVA E VIRGINIA MARIA ROSA,viviamos na ultima casa na luzerna,rua junto ao "mato",seguindo o clube sempre á direita.A minha FRANCISCA que os meus pais adoptaram,vive na MATALA.A minha mãe,ainda vive e,ficou toda contente em ver o Sr.ZÉ MARIA,manda-lhe cumprimentos,assim como a todos os conhecidos que aí se encontrem.As saudades são muitas.A todos os conhecidos e residentes os nossos cumprimentos

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  3. Boa noite.Ao ler a vossa crónica sobre o SR.Mário,fiqei comovido e muito sensibilizado pois também estive em Freixiel durante 17 anos e nunca tinha ouvido falar dessa história.Deve ser muito gratificante trabalhar com a população tão desfavorecida,sem bons acessos tão longe de tudo com falta de bens esenciais,sobretudo as crianças que são o futuro desse pais.Vocês são o exemplo vivo de que com pequenas coisas se consegue ajudar,e fazer outros felizes.Bem hajam econtinuem porque o que vocês fazem não tem preço.Tenho um amigo no Mulondo que gostaria de pelo menos ter uma foto sua pois as saudades são muitas, o seu nome é Eduardo Mutenha Huamatutu (ou talvez seja mais conhecido por Huacalama)e também da minha amiga Francisca Nondjamba Neto que vive na Matala e acho que trabalha na cãmara.Já agora gostaria de saber se o SR.Mário sempre viveu e ainda vive em Freixiel e aonde,se na aldeia ou no campo.Será que é possivel ver na net em vidio a aldeia ou em fotos?Eu morava mesmo em frente ao hospital é a primeira casa nas costas do mesmo,o quintal tinha mangueiras do lado das janelas dos quartos, mamoeiros e mangueiras na entrada principal da casa.Parabéns Meninas pelo vosso trabalho,espero que esta mensagem chegue até vós, a tempo de receber novas noticias bejinhos.Manuel Alves Beja mail alves_manuel49@hotmail.com

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  4. Saúdações:gostei muito de ler a vossa crónica,para mim foi voltar ao passado.Eu fui para Freixiel em 1960,morava na luzerna perto da vedação do campo de luzerna, numa casa geminada com os Fonsecas eu filho de Manuel Alves. Pois foi nessa terra que eu aprendi o A.B.C.

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  5. Óla,tudo bem contigo?Fiquei feliz em saber algo de alguém conhecido,penso que sejas o Alfredo irmão da Tilinha e da Clarinha.Este blog é fixe.

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  6. Iá sou eu mesmo mas já agora sei que és o José mas fico-me só por isso.alameiralves@gmail.com.Um abraço.

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  7. ola eu sou a conceicao nasci em freixiel e foi bom ler e ver fotos sobre a minha querida aldeia .o meu tio jorge e familia moram ai tenho muitas saudades um abraco para todos

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  8. Passeando pela internet num domingo deparei-me com isto...conheco quase todos...ola tudo bem?sauda sau de tudo sou a Luisa Bento comprimentos para todos

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